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Bom, desde ontem à noite uma coisa não me sai da cabeça... O que está acontecendo com nossos jovens? Aliás, o que está acontecendo com os pais de nossos jovens? Caetano já nos dizia e acho que nunca foi tão oportuno "alguma coisa está fora da ordem... fora da 'nova' ordem mundial..."
Vejam o e-mail que recebi direcionado a um jornalista do Correio do Povo (jornal do RS):
Bom, não bastasse o farto material que já tinha para refletir me deparei com uma cena, no mínimo ridícula, na novela das oito - que tem seus dias contados, no que se refere à minha audiência, se prosseguir com essa linha de roteiro. A cena era Sol, uma jovem com seus 12-13 anos, se apresentando escondida dos pais em um baile funk na "comunidade" cantando o funk "10 no popozão" De autoria própria (e muito questionável). A letra - que com certeza fez Drumond se revirar na tumba - dizia, entre outras besteiras, que ela tirava zero em redação mas 10 no popozão (a riqueza na letra já revelava a nota na matéria citada). Tá! Tudo bem! Não vou ser careta demais... Essa garotada tem uma musicalidade diferenciada, funk é uma manifestação cultural - muito limitada em inúmeros casos - das massas, tá bom... Vou fingir que entendo um monte de coisas que não entendo... Mas daí a "pomba lesa" da mãe ficar boquiaberta no meio do público dizendo que sempre soube que a filha tinha muito talento é D+ para a minha limitada capacidade de compreensão materna!"Meu nome é Maurício Girardi. Sou Físico. Pela manhã sou vice-diretor no Colégio Estadual Piratini, em Porto Alegre, onde à noite leciono a disciplina de Física para os três anos do Ensino Médio.
Pois bem, olha só o que me aconteceu: estou eu dando aula para uma turma de segundo ano.
Era 21/06/11 e talvez pela entrada do inverno, resolveu também ir à aula uma daquelas alunas “turista” que aparece uma que outra vez para “fazer uma social”. Para rever os conhecidos.Por três vezes tive que pedir licença para a mocinha para poder explicar o conteúdo que abordávamos. Parece que estão fazendo um favor em nos permitir um espaço de fala. Eis que após insistentes pedidos, estando eu no meio de uma explicação que necessitava bastante atenção de todos, toca o celular da menina, interrompendo todo um processo de desenvolvimento de uma ideia e prejudicando o andamento da aula.Mudei o tom do pedido e aconselhei aquela menina que, se objetivo dela não era o de estudar, então que procurasse outro local, que fizesse um curso à distância ou coisa do gênero, pois ali naquela sala estavam pessoas que queriam aprender'' e que o Colégio é um local onde se vai para estudar''. Então, a “estudante” quis argumentar, quando falei que não discutiria com ela. Neste momento tocou o sinal e fui para a troca de turma. A menina resolveu ir embora e desceu as escadas chorando por ter sido repreendida na frente de colegas.De casa, a mãe da menina ligou para a Escola e falou com o vice-diretor da noite, relatando que tinha conhecidos influentes em Porto Alegre e que aquilo não iria ficar assim. Em nenhum momento procurou escutar a minha versão nem mesmo para dizer, se fosse o caso, que minha postura teria sido errada. Tampouco procurou a diretora da Escola.
Qual passo dado pela mãe? Polícia Civil!Isso mesmo, tive que comparecer no dia 13/07/11 na oitava delegacia de polícia de Porto Alegre para prestar esclarecimento por ter constrangido (?) uma adolescente (17 anos), ''que muito pouco frequenta a aula e quando o faz é para importunar, atrapalhar seus colegas e professores''.A que ponto que chegamos? Isso é um desabafo. Tenho 39 anos e resolvi ser professor porque sempre gostei de ensinar, de ver alguém se apropriar do conhecimento e crescer. Mas te confesso, está cada vez mais difícil. Sinceramente, acho que é mais um professor que o Estado perde. Tenho outras opções no mercado.
Em situações como essa, enxergamos a nossa fragilidade frente ao sistema. Como leitor da tua coluna, e sabendo que abordas com frequência temas relacionados à educação, ''te peço que dediques umas linhas a respeito da violência contra o professor''.
Calma aí! Quem me conhece sabe que não sou careta, ou ao menos procuro não ter uma mentalidade que não evolui com o tempo, mas achar isso bacana e natural é muito complicado para mim.
O que estamos fazendo com nossos filhos? Até que ponto não estamos deixando de ser orientadores para sermos orientados por essa garotada - e acreditem que eles sabem fazer isso?! Quem disse que não temos OBRIGAÇÃO de mostrar e impor limites? Qual estatuto garante à criança e ao adolescente o direito de ser agressivo, mal educado e uma infinidade de atributos negativos com seus orientadores como o que aconteceu com o professor do texto acima? E a nossa responsabilidade ao colocarmos esses pequenos no mundo?
Na minha singela opinião e atitude materna, dar toda essa autonomia que se proclama e incentiva hoje em dia é como colocar um carro em alta velocidade nas mãos de alguém sem o menor preparo. Gente, a vida atropela a nós que já passamos por muitas e boas... A autonomia e a liberdade têm que ser medidos de acordo com a capacidade da criança e adolescente lidarem com essas concessões. ]
Agora é um tal de não pode fazer isso com a criança senão fica traumatizada, não pode fazer aquilo senão atrapalha a formação intelecto-sócio sei lá o quê... Não pode, não pode, não pode... Opa! Perái, somos nós os adultos e os responsáveis pela formação e orientação desses pequenos seres. Depois do monstro criado faremos Fóruns de Debate para saber como lidar com a situação?
Não! Não consigo entender e não concordo essa nova proposta de formação. Fico mesmo com a boa e velha formação que mamãe e papai me deram... Sou antiquada? Pode ser... Mas o que é certo, é certo... Até que me provem que o certo agora é outro e que esse outro tem mais benefícios do que o antigo, vou seguindo os ensinamentos de vovó, mamãe, e familiares em geral... Em time que está ganhando não se mexe, né?!
Beijos matinais ;)
3 comentários:
Vc tem razão. Tenho filhas muito jovens e sempre me preocupo, não só com elas, mas com o tipo de gente que fará parte do mundo delas...
Bjs
Ia
Pois é Ia, não consigo entender essa posição passiva que os pais tem tido nos últimos tempos. Vejo filhos agredindo e desrespeitando seus pais em nome de uma liberdade de expressão juvenil que não sei se é saudável. Aliás, não acho que seja...
Vamos fazendo a nossa parte, né?!
Bjs
Tenho certeza de que não é saudável, e agressão não é liberdade. Nós vamos sim fazendo nossa parte por menor que seja, mas é difícil olhar os rumos que a juventude está tomando...
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