Quando li a Blogagem da Ia Maluf (Amélia, eu?) fui atrás de quem tinha começado essa proposta. Então conheci o Blog Desconstruindo a Mãe e topei a proposta...
Fiquei então pensando como era? E deu uma saudade daquelas... Enoooorme, gostosa, apertada no peito, com os olhos molhados, com um sorriso nos lábios... E então fui lembrando...
Acho que a primeira lembrança que tenho da minha infância é a roupa rosa que eu usava no maternal. E me lembrei que um dia conversava com minha avó - Nossa! E como conversávamos! - e contava isso para ela querendo saber que roupa era aquela, porque só lembro da saia e da lancheirinha - aqueles saquinhos de pano com o nome da criança. E foi ela que me falou que só poderia ser a roupa do Pica-Pau, o maternal pertinho da casa dela, minha primeira escola. E falando nisso, me lembro muito dos meus avós porque sempre ficava por lá para que minha mãe fizesse a Faculdade de Letras. Só ia para casa no FDS. Me lembro do gosto do macarrão cabelo de anjo com carne moída passada duas vezes na máquina... Do arroz papinha com batata e um fiozinho de azeite sempre que tinha uma dor de barriga. Me lembro também que adorava ajudar minha avó a cuidar da horta que ela tinha em uma telha de amianto. Molhava, cuidava, colhia com ela... que chamego com aquela minha querida e amada avó... E com meu avô... Eles são demais! Mesmo afastados pela limitação da minha visão física, sei que estão bem e sempre serão amados por mim! Foram muitos momentos de aprendizado, risos, carinho, amor, cuidado...
Nos finais de semana, enquanto era bem pequena, ia para casa... Adoro até hoje aquela casa! Minha ma~e ainda mora nela e sempre que vou lá, mesmo agora um bocado diferente, me sinto muito bem.
Ah! Me lembrei agora da bota ortopédica!!! Eca!!! Era o dia todo com aquela botinha e couro branca! Porque fazem isso com as crianças??? Deixa o pé da pessoa chato mesmo! Afinal, alguma coisa tinha que ser chata, já que sou tão gente boa! Rs... (Como sou modesta!!!)
Falando na bota, me lembro também da fisionomia do meu pediatra, Dr. Israel. Até hoje quando passo por onde era o consultório dele dou uma olhadela...
Então as lembranças vão passando como um filme...
Não poderia deixar de lembrar da bronca da tabuada - como eu e minha mãe chamamos hoje. Aquele dia foi engraçado - de relembrar, claro!!! Estava na época de decorar tabuada e minha mãe precisou sair. Me deixou estudando e na volta faria as perguntas. Então, assim aconteceu! Ela saiu e eu... claro, fui brincar! Quando ela chegou eu estava dando voltinhas no quintal toda serelepe cantarolando uma musiquinha infantil... O que aconteceu??? KKKKK... Adivinhem??? Umas boas palmadas - que nunca me deixaram traumatizada! Rimos disso até hoje... Mas eu aprendi a tabuada!
Outro episódio de tabuada foi a minha grande descoberta... Minha mãe estava lavando ou algo do gênero, não lembro bem, e eu estava debruçada no tanque passando a tabuada. Então eu parei e tive uma sacada daquelas que parece que a gente descobriu a coisa mais fenomenal do mundo... "Mãe, tabuada de 2 são só os números pares?!?!?! Caraca! Muito fácil!!!"
E minha mãe sorriu e completou... "Viu? Não é nenhum bicho de 7 cabeças. À propósito, quanto é 7 vezes 2?"
Nossa! Como era bom... Eu tinha uma quarto de estudos todo preparado. Uma estante feita pelo meu pai toda em fórmica para facilitar a limpeza, um quadro negro para eu estudar e resolver as questões, livros para didáticos... Eu adorava estudar! Aliás, gosto até hoje e sei que foi por conta daquele aparato todo! Meus pais sempre foram muito cuidadosos comigo, sempre me cercaram de amor e carinho.
Tive uma máquina de escrever que foi da minha avó paterna. E quando ganhei eu logo elaborei um projeto, escrever um livro... De repente, uma noite sentada no chão da sala com a máquina sobre a mesinha de centro fiz outra descoberta "daquelas"!!!
"Mãe, é assim que se faz o jornal! Eles pegam um montão de folhas - aquelas folhas mais escuras e finas - e vão escrevendo na máquina..."
E minha mãe... "Deve ser, minha filha!"
Ela nunca frustraria uma descoberta dessas com a dureza de uma realidade sem graça. Ela sempre prestou atenção nesses detalhes e em todo o resto!
Minha família sempre foi pequena, mas era uma família perfeita na minha visão de criança. Sempre fui uma criança muito feliz!
Se hoje sou infinitamente feliz é porque acho que desconheço outro estado de espírito! Claro que o desânimo acontecia, as dificuldades a serem superadas, o aprendizado... mas quando me lembro de como me empenhava para resolver e passar por tudo... Quando me lembro do sentimento que tinha quando buscava minhas soluções me sinto feliz por tudo...
Como era ser criança na minha infância? Era tudo de bom e a prova disso é quem sou hoje!
E essa postagem, esse momento de lembranças me fez pensar que nunca agradeci especificamente por isso. Nunca agradeci ao Cosmo por tudo ter sido tão cheio de ensinamentos, por ser tão bom me lembrar de como eu era e de todas aquelas pessoas. Algumas já não estão entre nós, mas continuam maravilhosas e amadas!
Sim, obrigada ao Alto por ter nascido em uma família tão cheia de Amigos. Obrigada por eu ter podido ser criança e vivenciar coisas tão maravilhosas - sei que muitas outras pessoas não puderam. Obrigada por meus pais, meus avós, tios e primos! Obrigada pela minha família física e espiritual! Amo todos vocês! Cada um com sua peculiaridade, com seu ensinamento, com seu jeito de viver e amar ao mundo! Tudo foi maravilhoso e ainda é...
Beijos!
PS: Não tenho fotos da minha infância aqui comigo. Estão com minha mãe - e acho justo!!! Vou pedir algumas e postar depois... ;)
3 comentários:
Oi Rita! Que relato delicioso! Cheio de detalhes! Lembrei de duas coisas lendo seu post: Também usei botas ortopédicas - mas não lembro da minha opinião sobre elas... e da comida da minha avó...
Bjs
Ia
Tabuada... palmadinha não dói (e educa)... realmente, começo a mudar o pensamento e crer que não sobrevivemos, e sim VIVEMOS. Com certeza nosso tempo era melhor...
Parabéns pelo post, muito legal!
Paulo
incubandoideias.blogspot.com
Oi gente, obrigada pelo carinho!
Ia, eu sempre fui uma criança que gostava de correr para lá e para cá e por isso me lembro com clareza da sensação que tinha com a bota. Pareciam bolas de ferro!!! Rs...
Paulo, eu tenho certeza absoluta que nossa infância foi melhor. Mas isso porque foi a nossa! ;)
Grade beijo a vocês e apareçam sempre!
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